Ararinha-azul pode voltar à natureza até 2021
Ave é considerada extinta na natureza. Existem menos de 200 ararinhas-azuis no mundo, todas fora do seu habitat natural
Publicado: 04/08/2019, 13:29

Ave é considerada extinta na natureza. Existem menos de 200 ararinhas-azuis no mundo, todas fora do seu habitat natural
Pouco mais de 20 anos após ser vista pela última vez na Bahia, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) deve voltar a bater as asas em seu habitat natural até 2021. Nesta semana, o governo federal publicou a portaria que contém as diretrizes do segundo ciclo do Plano de Ação para conservar a espécie. Entre elas, está a soltura de exemplares de ararinha-azul, que deverá acontecer até 2021. O contrato para repatriação das aves já foi assinado, em junho deste ano.
A ararinha-azul é considerada criticamente ameaçada de extinção (CR), e provavelmente extinta na natureza (PEW) – isso porque ela não é vista no ambiente desde os anos 2000. Além dela, o Brasil possui outros três tipos de araras-azuis, todas sob algum nível de ameaça de conservação: arara-azul-pequena, possivelmente extinta; arara-azul-de-lear, em perigo crítico de extinção; e a arara-azul-grande, que está vulnerável
A ararinha-azul ficou famosa com o personagem de animação Blue, no filme Rio. Mas, ao contrário do que mostram as imagens do longa, a espécie é endêmica da caatinga e do sertão baiano e pernambucano. Ela sumiu na natureza após ser alvo constante do tráfico de aves e, hoje, só existe em cativeiro.
Ao todo são 167 ararinhas-azuis catalogadas e registradas em todo o mundo, de acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. Destas, 147 estão na Alemanha, 2 na Bélgica, 4 em Singapura e 14 no Brasil.
"Duzentos anos após a descoberta da espécie por von Spix estamos aguardando a vinda das ararinhas-azuis no segundo semestre de 2019, para o lugar de onde nunca deveria ter sido extirpada e, até 2021, esperamos ter as ararinhas voando na caatinga baiana."
Viveiro para ararinhas-azuis
O ICMBio está construindo em Curaçá, na Bahia, um viveiro para receber as aves repatriadas e prepará-las para a soltura na natureza. O espaço terá mais de 3 mil metros quadrados de estrutura, com centro administrativo, alojamento para funcionários e voluntários, recintos de reprodução, cozinha, veterinária e recintos de reintrodução.
De acordo com o ICMBio, as paredes já estão erguidas. A previsão é que as obras sejam concluídas em três meses. "A previsão é que o transporte da ararinha-azul seja realizado após a conclusão das obras", diz Lugarini.
Soltura da ararinha-azul
Preparar a ave para soltar na natureza requer treino para que o animal, criado em cativeiro, saiba sobreviver sozinho. Lugarini afirma que todas as experiências de reintrodução de psitacídeos estão sendo usadas para embasar as ações. Entre elas estão a reintrodução do papagaio-de-porto-rico, em Porto Rico; dos papagaios-do-peito-roxo, no Parque Nacional das Araucárias, no Paraná; do manejo populacional de araras-azuis-grandes no Pantanal, realizado pelo Instituto Arara Azul.
Outro exemplo é o da reintrodução da arara-azul-de-lear, no Boqueirão da Onça. O preparo envolve adaptação da alimentação com ração para os itens encontrados na região; fortalecimento das asas para voar em grandes distâncias e reconhecimento e defesa contra predadores naturais.
Plano de ação para conservação da ararinha-azul
O primeiro plano de ação para conservar a Cyanopsitta spixii foi oficializado em 2012 após 6 anos de análise e avaliação. Os planos de ação nacionais são reconhecidos como a estratégia do governo brasileiro para a conservação das espécies ameaçadas de extinção, de acordo com o ICMBio. Das 35 ações previstas no primeiro ciclo, 21 foram totalmente concluídas. O ICMBio diz que este é o plano de conservação com os melhores resultados de implementação já desenvolvido.
Os objetivos 1 (População de cativeiro adequadamente manejada, com aumento de 10% ao ano, visando um mínimo de 150 indivíduos em 2021), 2 (Conhecimento científico necessário à reintrodução da espécie aprimorado até 2017) e 4 (Parcerias fortalecidas e informações necessárias à conscientização para a conservação da ararinha-azul divulgadas até 2017) tiveram andamento acima do desejado, superando as metas estabelecidas, segundo o instituto.
Os objetivos 3 (Hábitats críticos para conservação da espécie protegidos e recuperados até 2017) e 5 (Iniciar o projeto de conservação in situ até 2017) ainda precisam ser reforçados no segundo ciclo de gestão. O segundo ciclo do plano de conservação terá duração de 5 anos, com ações planejadas até 2024.
Com informações do G1